Vamos ser sinceros: dentre os estilos aceitos pela subcultura gótica não existe nenhum mais “distante” e ao mesmo tempo mais “perto” do que o ethereal. É um estilo que agregou para si diversos ritmos da música erudita, da música folclórica, da música eletrônica, do darkwave e ainda sim causa muita estranheza e confusão a muitos. É um estilo apreciado dentro e fora da cena gótica e, inclusive, é muito apreciado por músicos e fãs de black metal. Seja pela atmosfera altamente introspectiva, seja pela viagem que a sonoridade nos convida, isso é o ethereal.
Origens da sonoridade
Uma coisa que tem que ser deixada bem clara é a relação entre a sonoridade e a nomenclatura da mesma. O gênero existiu bem antes de ter o nome que tem hoje. E quem começou isso foram os grandes mestres da música etérea: o grupo australiano Dead Can Dance.
Formado em 1981 e contando com Brendan Perry e Lisa Gerrard, lançaram em 1984 o seu primeiro cd auto-intitulado. Nele havia uma Spleen and Ideal, disco que consolidaria as bases do novo estilo, ainda sem nome nessa época. Vocais líricos masculinos e femininos de forma muito diferente da convencional para a época (que sugeriam ao mesmo tempo um sussurro e um canto erudito), forte presença de música erudita e medieval e letras muito mais intelectualizadas. O nome do disco é tirado de um livro de Charles Baudelaire, “Les Fleurs du Mal” (As Flores do Mal) e as letras desse cd se baseiam nesse escritor e em Thomas de Quincey, autor do livro “The Confessions of an English Opium-Eater” (Confissões de um Comedor de Ópio). E essa atmosfera carregada de simbolismos e sugestões que permearia o ethereal,
forte presença de gothic rock e post-punk, mas já daria mostras de como a banda seria inovadora dali por diante. Vocais mais sublimados, instrumental extremamente sombrio e atmosférico, somada a uma atmosfera muito diferente do que faziam as bandas góticas da época. No ano seguinte lançariam
Vale abrir um parêntesis aqui. A sonoridade pega, em termos de construção, muitas das idéias do Simbolismo francês. Esse movimento primava e muito pela atmosfera do etéreo, do sugestionado, do sublime, do espiritual. Em busca dessas sonoridades que o Dead Can Dance criou seu estilo, muito mais bonito artisticamente e conceitualmente do que outros grupos musicais no mesmo período.
Voltando ao grupo australiano, eles lançaram depois os discos Within the Realm of a Dying Sun (em 1987) e The Serpent's Egg (em 1988). Esses discos se afastariam totalmente daquele clima mais rock e entrariam quase no meio da música neoclássica e também no new age, ao combinar música medieval, música erudita, música folclórica, canções “a Cappella”, canções com vocalises (que é quando se canta as músicas sem nenhuma letra, cantando apenas sobre vogais, como acontecia na música medieval polifônica), como se percebe em canções como “Summoning of the Muse”, letras em outros idiomas (como latim, persa e catalão) e um estudo muito grande em busca de novas sonoridades.
Origem do rótulo
Certo, até aqui o Dead Can Dance fazia sua sonoridade, mas ela ainda não tinha nome. Existiam outros grupos que apostavam nessa sonoridade, como o This Mortal Coil, que apostava em regravações atmosféricas para clássicos de artistas como Alex Chilton, Chris Bell, Roy Harper, Gene Clark e Tim Buckley. Mesmo assim, até então, poucas bandas haviam apostado nesse tipo de som e mesmo ele não tinha um nome próprio, sendo chamado de neoclássico ou mesmo new age.
Em meados de 1990 surge a gravadora Projekt, fundada por Sam Rosenthal do Black Tape For A Blue Girl. Cria-se na Alemanha o selo Hyperium (que é um distribuidor do Projekt na Europa) e lança-se a coletânea Heavenly Voices, coletânea que contava com bandas que possuíam fortes influencias de Dead Can Dance e tendo como destaque os vocais femininos. Essa gravadora, com esse selo, cria o rótulo “ethereal”, para designar a atmosfera que esse som ressalta.
A gravadora não foi somente importante para o ethereal. O darkwave deve muito a ela também pela força que tem hoje, uma vez que ela foi, junto com a Cleopatra Records e a Cold Meat Industry (voltada mais para a música eletrônica e o dark ambient).
Com o Heavenly Voices criou-se o que seria padrão para as bandas de ethereal, seja em termos de sonoridade, seja em termos de público ou mesmo de músico que procuraria fazer esse tipo de som. Hoje essa sonoridade não está mais ligada somente aos grupos do Hyperium, mas a muitos outros que, vez por outra, também se inspiram na música etérea.
Sonoridade e temáticas
E o que define a sonoridade do Ethereal, afinal de contas? O que me faz saber se um grupo é ou não é ethereal, afinal de contas?
Sonoramente falando, ele flerta muito com o neoclássico e com o new age. É muito fácil pensar em grupos como Enigma como ethereal, uma vez que possuem uma temática mais sombria e até mesmo elementos eletrônicos bem visíveis. Só que a grande chave do ethereal é justamente a idéia da sugestão, do etéreo, que é dado sobretudo pelo vocal. A importância dele é enorme no som, uma vez que ele, que sempre passa a idéia de algo sussurrado. Há uma predominância de vozes femininas líricas, havendo poucos homens cantando nesse estilo. Os poucos que cantam também usam do canto lírico, erudito, sem soar forçado ou mesmo extremamente agudo. Isso se configura pelos seus músicos quase sempre formados em música erudita. A voz passa a ter a importância de um instrumento musical, em vez de ser a base ou mesmo o complemento para todo o resto.
Em termos de melodia instrumental, há uma mescla com o darkwave e com diversos gêneros, como a música medieval, folclórica, celta, erudita e também alguns experimentalismos eletrônicos. Grupos como Lycia mesclam também música européia e música pop. O gênero se mostra muito versátil, pois combina instrumentos acústicos com batidas eletrônicas e música pop. Sua orientação sonora se dá por um clima eletrônico
ambiente, o que dá uma cara muito mais atmosférica ao som. Esse clima, aliás, é a maior marca do ethereal, esse som extremamente carregado e atmosférico.
A temática sonora é diversa. Ela pode ser totalmente voltada para o darkwave, perceptível em grupos como Black Tape for a Blue Girl e Collection D’Arnell-Andréa, voltada para a música erudita, como no Autunna et as Rose, voltada para a música folclórica medieval, tendo seu maior expoente o grupo italiano Ataraxia, voltados para uma temática mais introspectiva e atmosférica, como o Lycia. Existe um gênero nascido dentro desse círculo denominado Ethno-Fusion, que é ethereal feito com música de paises da Europa Oriental e da África, tendo um dos maiores nomes o grupo francês Rajna.
Legado e influências
A contribuição para a música dos grupos de ethereal é enorme e bem marcante. A própria concepção do estilo trouxa para a música popular ritmos que costumam ser ignorados pela maioria das pessoas, como a música africana, a música indiana, o canto sacro, a música medieval e traz a esses ritmos um toque mais moderno, mais contemporâneo.
Como já foi citado, o estilo do ethno-fusion (ou simplesmente etno) nasceu dentro desse circuito, trazendo para o grande público um som orientado aos sons considerados pelo europeu como “exóticos”, diferentes, por fugir daquele padrão neoclássico ao qual estão acostumados.
Criou-se também um outro subestilo, o dream-pop. Collide, Galaxy 500, Strange Boutique etc. incoporariam outros elementos ao dream-pop, como o Trip Hop e o rock alternativo.
Esse estilo vai pegar toda a atmosfera do ethereal e mesclar com o post-punk e com a música pop, dando uma cara mais “rock” ao gênero. O Cocteau Twins é considerado o primeiro grupo de dream-pop, misturando post-punk, gothic rock e ethereal. Mais para frente grupos como
Por conseqüência influenciou também no shoegaze, que é uma versão mais pesada e violenta do dream-pop. Antigamente, antes de se tornar um estilo independente do dream-pop, o shoegaze nasceu da mistura com um rock mais barulhento e pesado (que hoje se chama de indie rock). Nasceu da atmosfera introspectiva que o som herdou do ethereal, que criava um certo desligamento do artista com sua realidade durante o show, não se importando com nada ao redor, nem mesmo com o público. Era freqüente que olhassem para o chão, numa tentativa de ignorar totalmente o que estivesse ao redor (daí o termo shoegaze, que era o ato de ficar olhando para o brilho dos próprios sapatos). Grupos e artistas como Sigúr Ros, Björk, The Verve etc. ficariam famosos ao redor do mundo exatamente por terem essa postura e esse grau de experimentalismo com a música ambiente, herdados indiretamente do ethereal.
Aconteceu também uma influência desses dois estilos no próprio ethereal. O Dead Can Dance, o Lycia, o Love Spirals Downwards, o Faith and the Muse e outros grupos passariam a incorporar alguns elementos dos novos estilos e trazer uma mistura ainda maior a salada que é o ethereal.
No metal houve uma influência muito marcante do gênero. O My Dying Bride é claramente influenciado pelo ethereal, pelos vocais mais sublimados, pelo som mais atmosférico, pelo clima triste e melancólico. As bandas de doom com sonoridade mais atmosférica costumam sempre se inspirar no ethereal, como acontece com os italianos do Void of Silence.
O black metal atmosférico é altamente influenciado da mesma forma que o doom metal. O Summoning é uma prova disso, por conta de seu idealizador, Richard Lederer, que também possui trabalhos darkwave, como o Die Verbantenn Kinder Evas e o Ice Ages. O Alcest vai usar da mesma base de Lederer, tocando um black metal atmosférico com influencias de ethereal e, sobretudo, do shoegaze, assim como o The Angel Process, que toca um som orientado ao metal, mesclado com música ambiente e shoegaze.
O estilo hoje
Hoje a impressão que se tem é que o ethereal tenha caído do gosto das pessoas. Poucos grupos têm surgido nesses últimos anos, os mais antigos têm terminado (como o Lycia) ou mesmo estão parados por tempo indeterminado (como o Dead Can Dance).
Só que o estilo não morreu. Tem muitas bandas que ainda apostam nesse segmento, como o Rajna, o The Downward Path, o Scarlet Leaves, entre outros. Grupos mais antigos que ainda estão na ativa, como o Ataraxia, o Chandeen e o Collection D’Arnell-Andréa.
O neofolk tem sofrido muitas influencias do ethereal, perceptível nos trabalhos do Faun, Moon Far Away, Liholesie, Sopor Aeternus (embora ele oscile muito entre o ethereal e o neofolk), Allerseelen. Há ainda ethereal influenciando gothic rock como acontece nos trabalhos do Violet Tears. E não podemos esquecer dos grupos de neoclássico/dark ambient, como o Elend, o Dark Sanctuary e o Autumn Tears, que mostram claros indícios de Dead Can Dance no som.
Ethereal não é um estilo simples. É muito rico, muito mais do que simplesmente fingir que coloca música erudita. Muito mais do que tentar fazer um som complexo para parecer bom. Ele alia simplicidade com técnica, alia experimentalismo a música popular e requer maturidade. Maturidade para entender como se pode misturar tanta coisa, como se pode ser técnico e, acima de tudo, criativo, rompendo as barreiras do seu próprio estilo.
Para finalizar, disponibilizo uma coletânea com uma reunião de grupos de ethereal.
Origens da sonoridade
Uma coisa que tem que ser deixada bem clara é a relação entre a sonoridade e a nomenclatura da mesma. O gênero existiu bem antes de ter o nome que tem hoje. E quem começou isso foram os grandes mestres da música etérea: o grupo australiano Dead Can Dance.
Formado em 1981 e contando com Brendan Perry e Lisa Gerrard, lançaram em 1984 o seu primeiro cd auto-intitulado. Nele havia uma Spleen and Ideal, disco que consolidaria as bases do novo estilo, ainda sem nome nessa época. Vocais líricos masculinos e femininos de forma muito diferente da convencional para a época (que sugeriam ao mesmo tempo um sussurro e um canto erudito), forte presença de música erudita e medieval e letras muito mais intelectualizadas. O nome do disco é tirado de um livro de Charles Baudelaire, “Les Fleurs du Mal” (As Flores do Mal) e as letras desse cd se baseiam nesse escritor e em Thomas de Quincey, autor do livro “The Confessions of an English Opium-Eater” (Confissões de um Comedor de Ópio). E essa atmosfera carregada de simbolismos e sugestões que permearia o ethereal,
forte presença de gothic rock e post-punk, mas já daria mostras de como a banda seria inovadora dali por diante. Vocais mais sublimados, instrumental extremamente sombrio e atmosférico, somada a uma atmosfera muito diferente do que faziam as bandas góticas da época. No ano seguinte lançariam
Vale abrir um parêntesis aqui. A sonoridade pega, em termos de construção, muitas das idéias do Simbolismo francês. Esse movimento primava e muito pela atmosfera do etéreo, do sugestionado, do sublime, do espiritual. Em busca dessas sonoridades que o Dead Can Dance criou seu estilo, muito mais bonito artisticamente e conceitualmente do que outros grupos musicais no mesmo período.
Voltando ao grupo australiano, eles lançaram depois os discos Within the Realm of a Dying Sun (em 1987) e The Serpent's Egg (em 1988). Esses discos se afastariam totalmente daquele clima mais rock e entrariam quase no meio da música neoclássica e também no new age, ao combinar música medieval, música erudita, música folclórica, canções “a Cappella”, canções com vocalises (que é quando se canta as músicas sem nenhuma letra, cantando apenas sobre vogais, como acontecia na música medieval polifônica), como se percebe em canções como “Summoning of the Muse”, letras em outros idiomas (como latim, persa e catalão) e um estudo muito grande em busca de novas sonoridades.
Origem do rótulo
Certo, até aqui o Dead Can Dance fazia sua sonoridade, mas ela ainda não tinha nome. Existiam outros grupos que apostavam nessa sonoridade, como o This Mortal Coil, que apostava em regravações atmosféricas para clássicos de artistas como Alex Chilton, Chris Bell, Roy Harper, Gene Clark e Tim Buckley. Mesmo assim, até então, poucas bandas haviam apostado nesse tipo de som e mesmo ele não tinha um nome próprio, sendo chamado de neoclássico ou mesmo new age.
Em meados de 1990 surge a gravadora Projekt, fundada por Sam Rosenthal do Black Tape For A Blue Girl. Cria-se na Alemanha o selo Hyperium (que é um distribuidor do Projekt na Europa) e lança-se a coletânea Heavenly Voices, coletânea que contava com bandas que possuíam fortes influencias de Dead Can Dance e tendo como destaque os vocais femininos. Essa gravadora, com esse selo, cria o rótulo “ethereal”, para designar a atmosfera que esse som ressalta.
Com o Heavenly Voices criou-se o que seria padrão para as bandas de ethereal, seja em termos de sonoridade, seja em termos de público ou mesmo de músico que procuraria fazer esse tipo de som. Hoje essa sonoridade não está mais ligada somente aos grupos do Hyperium, mas a muitos outros que, vez por outra, também se inspiram na música etérea.
Sonoridade e temáticas
E o que define a sonoridade do Ethereal, afinal de contas? O que me faz saber se um grupo é ou não é ethereal, afinal de contas?
Sonoramente falando, ele flerta muito com o neoclássico e com o new age. É muito fácil pensar em grupos como Enigma como ethereal, uma vez que possuem uma temática mais sombria e até mesmo elementos eletrônicos bem visíveis. Só que a grande chave do ethereal é justamente a idéia da sugestão, do etéreo, que é dado sobretudo pelo vocal. A importância dele é enorme no som, uma vez que ele, que sempre passa a idéia de algo sussurrado. Há uma predominância de vozes femininas líricas, havendo poucos homens cantando nesse estilo. Os poucos que cantam também usam do canto lírico, erudito, sem soar forçado ou mesmo extremamente agudo. Isso se configura pelos seus músicos quase sempre formados em música erudita. A voz passa a ter a importância de um instrumento musical, em vez de ser a base ou mesmo o complemento para todo o resto.
Em termos de melodia instrumental, há uma mescla com o darkwave e com diversos gêneros, como a música medieval, folclórica, celta, erudita e também alguns experimentalismos eletrônicos. Grupos como Lycia mesclam também música européia e música pop. O gênero se mostra muito versátil, pois combina instrumentos acústicos com batidas eletrônicas e música pop. Sua orientação sonora se dá por um clima eletrônico
ambiente, o que dá uma cara muito mais atmosférica ao som. Esse clima, aliás, é a maior marca do ethereal, esse som extremamente carregado e atmosférico.
A temática sonora é diversa. Ela pode ser totalmente voltada para o darkwave, perceptível em grupos como Black Tape for a Blue Girl e Collection D’Arnell-Andréa, voltada para a música erudita, como no Autunna et as Rose, voltada para a música folclórica medieval, tendo seu maior expoente o grupo italiano Ataraxia, voltados para uma temática mais introspectiva e atmosférica, como o Lycia. Existe um gênero nascido dentro desse círculo denominado Ethno-Fusion, que é ethereal feito com música de paises da Europa Oriental e da África, tendo um dos maiores nomes o grupo francês Rajna.
Legado e influências
A contribuição para a música dos grupos de ethereal é enorme e bem marcante. A própria concepção do estilo trouxa para a música popular ritmos que costumam ser ignorados pela maioria das pessoas, como a música africana, a música indiana, o canto sacro, a música medieval e traz a esses ritmos um toque mais moderno, mais contemporâneo.
Como já foi citado, o estilo do ethno-fusion (ou simplesmente etno) nasceu dentro desse circuito, trazendo para o grande público um som orientado aos sons considerados pelo europeu como “exóticos”, diferentes, por fugir daquele padrão neoclássico ao qual estão acostumados.
Criou-se também um outro subestilo, o dream-pop. Collide, Galaxy 500, Strange Boutique etc. incoporariam outros elementos ao dream-pop, como o Trip Hop e o rock alternativo.
Por conseqüência influenciou também no shoegaze, que é uma versão mais pesada e violenta do dream-pop. Antigamente, antes de se tornar um estilo independente do dream-pop, o shoegaze nasceu da mistura com um rock mais barulhento e pesado (que hoje se chama de indie rock). Nasceu da atmosfera introspectiva que o som herdou do ethereal, que criava um certo desligamento do artista com sua realidade durante o show, não se importando com nada ao redor, nem mesmo com o público. Era freqüente que olhassem para o chão, numa tentativa de ignorar totalmente o que estivesse ao redor (daí o termo shoegaze, que era o ato de ficar olhando para o brilho dos próprios sapatos). Grupos e artistas como Sigúr Ros, Björk, The Verve etc. ficariam famosos ao redor do mundo exatamente por terem essa postura e esse grau de experimentalismo com a música ambiente, herdados indiretamente do ethereal.
Aconteceu também uma influência desses dois estilos no próprio ethereal. O Dead Can Dance, o Lycia, o Love Spirals Downwards, o Faith and the Muse e outros grupos passariam a incorporar alguns elementos dos novos estilos e trazer uma mistura ainda maior a salada que é o ethereal.
No metal houve uma influência muito marcante do gênero. O My Dying Bride é claramente influenciado pelo ethereal, pelos vocais mais sublimados, pelo som mais atmosférico, pelo clima triste e melancólico. As bandas de doom com sonoridade mais atmosférica costumam sempre se inspirar no ethereal, como acontece com os italianos do Void of Silence.
O black metal atmosférico é altamente influenciado da mesma forma que o doom metal. O Summoning é uma prova disso, por conta de seu idealizador, Richard Lederer, que também possui trabalhos darkwave, como o Die Verbantenn Kinder Evas e o Ice Ages. O Alcest vai usar da mesma base de Lederer, tocando um black metal atmosférico com influencias de ethereal e, sobretudo, do shoegaze, assim como o The Angel Process, que toca um som orientado ao metal, mesclado com música ambiente e shoegaze.
O estilo hoje
Hoje a impressão que se tem é que o ethereal tenha caído do gosto das pessoas. Poucos grupos têm surgido nesses últimos anos, os mais antigos têm terminado (como o Lycia) ou mesmo estão parados por tempo indeterminado (como o Dead Can Dance).
Só que o estilo não morreu. Tem muitas bandas que ainda apostam nesse segmento, como o Rajna, o The Downward Path, o Scarlet Leaves, entre outros. Grupos mais antigos que ainda estão na ativa, como o Ataraxia, o Chandeen e o Collection D’Arnell-Andréa.
O neofolk tem sofrido muitas influencias do ethereal, perceptível nos trabalhos do Faun, Moon Far Away, Liholesie, Sopor Aeternus (embora ele oscile muito entre o ethereal e o neofolk), Allerseelen. Há ainda ethereal influenciando gothic rock como acontece nos trabalhos do Violet Tears. E não podemos esquecer dos grupos de neoclássico/dark ambient, como o Elend, o Dark Sanctuary e o Autumn Tears, que mostram claros indícios de Dead Can Dance no som.
Ethereal não é um estilo simples. É muito rico, muito mais do que simplesmente fingir que coloca música erudita. Muito mais do que tentar fazer um som complexo para parecer bom. Ele alia simplicidade com técnica, alia experimentalismo a música popular e requer maturidade. Maturidade para entender como se pode misturar tanta coisa, como se pode ser técnico e, acima de tudo, criativo, rompendo as barreiras do seu próprio estilo.
Para finalizar, disponibilizo uma coletânea com uma reunião de grupos de ethereal.
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