Saturday, January 9, 2010
O que define o Dark Metal?
Mais que nunca, rótulos servem, acima de tudo, para separar bandas com sonoridades ou linhas sonoras parecidas. Pode parecer estranho dizer isso, mesmo com a banda possuindo certa identidade, mas pensem numa coisa: mesmo o Death e o Cannibal Corpse sendo bem diferentes entre si, eles guardam boas semelhanças sonoras a ponto entrarem na categoria Death Metal. Contudo, e quando uma classificação não é tão exata ou é dada a conceitos menos precisos? E quando a mídia distorce essa classificação em nome do lucro fácil? O Gohic Metal sofre com isso, uma vez que o próprio estilo carece de certa identidade musical, onde coexistem bandas como Moonspell e Mortal Love que, embora pertençam ao mesmo estilo, possuem características sonoras distintas. Isso cria uma confusão dos diabos, faz com que muitas pessoas acabem não “se entendendo” e com isso surgem generalizações desnecessárias. Nesse contexto entra o Dark Metal. Por ser um estilo pouco divulgado, com poucas bandas (perdendo apenas para o drone e o funeral doom) e um público bem seleto e restrito. Dificulta o fato de não existirem, nesse meio, bandas grandes e mundialmente reconhecidas.
Origem
O termo Dark Metal surgiu em 1994, com o lançamento do cd de mesmo nome pela banda alemã Bethlehem. A sonoridade desse cd é basicamente uma mistura de doom metal com black metal bem cru e direto. Com fortes influências de Venom e Celtic Frost, o grupo já mostrava um direcionamento diferente de outras bandas de doom no mesmo período, como o Katatonia e o My Dying Bride. Traz no som também uma forte marca do doom tradicional, com seu som arrastado. Contudo, não tinha aquela pegada suja do black metal e nem carregada do doom. Esse cd pode ser considerado também um cd de doom/black, como, aliás, muitos consideram. Mas o tanto de inovações, mais a adição de elementos diversificados fez com que abrisse as portas para um novo estilo, que não pertenceria mais nem a cena doom e nem a cena black, atraindo pessoas que normalmente não ouviria nenhum dos dois estilos separadamente. Mais tarde, nos cds seguintes, a banda foi incorporando elementos de outros estilos, sobretudo de rock alternativo, mas sem deixar de lado a parte metal, como fizera, anos mais tarde, o Paradise Lost em seus cds influenciados pelo synthpop do Depeche Mode. Só que existe uma grande controvérsia em quem teria sido, de fato, o pai desse estilo. Muitos atribuem ao Katatonia antigo (sobretudo pelo Dance of December Souls) a criação do que seria, de fato, o dark metal. É possível notar sim uma paternidade pelo lado deles, sobretudo pela fusão Black/Doom metal. Só que as temáticas sonoras sempre remetem ao doom, indiferentemente do que acontece com o Bethlehem.
O estilo
Predominantemente o estilo se pauta numa sonoridade black/doom metal. Com o tempo, as bandas passaram a incorporar elementos de darkwave, death metal, progressivo e, em alguns poucos casos, até mesmo gothic metal. Só que sonoramente as bandas de dark metal são mais velozes e mais brutais do que normalmente se vê no doom metal. Não possuem aquele vocal lírico do doom tradicional e nem tem suas raízes tão fortes dentro do hardrock, lembrando muito, mas muito pouco o doom metal. Há algumas bandas, como o October Falls, que incorpora elementos de folk metal e o Of the Archangel, que coloca elementos de doom melódico. O que se pode perceber é que o dark metal é uma grande salada de ritmos misturados à linha doom/black metal. Vemos darkwave no Anno Zero, música erudita no My Threnody, Dark Ambient no Winter of Vehemence etc.
A confusão com o Gothic Metal e outras bandas
Devido a ter uma mesma origem, o dark metal é muitas vezes confundido com o gothic metal. Coisa bastante comum, uma vez que as bandas daquele se influenciam por este. Contudo, há diferenças notáveis entre ambos.
Mesmo com quase total afastamento do doom, o dark metal ainda guarda algum resto dessa sonoridade. A sonoridade tende a ser mais enérgica e menos introspectiva dentro do estilo que no gothic metal, onde há uma certa predominância pelos climas melancólicos. Por isso há também um nível maior de experimentação que no gothic metal, sem, contudo, cair na música eletrônica.
Muita gente confunde Tiamat e Therion com dark metal. Só que essas bandas não possuem sua sonoridade calcada no black/doom metal, mesmo com o Therion tendo começado com um som black/thrash e o Tiamat com um som Death/Black, passando por alguma coisa progressiva no Wildhoney. Por isso, definitivamente, não há correlação entre essas bandas e bandas de gothic metal como pertencentes ao dark metal, por mais sombrios e melancólicos que possam soar.
A Falta de identidade
E chegamos no maior problema do estilo. Como ele se identifica? Que tipo de fã ele atrai? Quem são os nomes grandes? A resposta: não há nada disso. O estilo possui fás em diversos nichos e cai no gosto de quem geralmente não ouviria gothic metal ou mesmo metal mais extremo, pela extrema variedade de opções que o estilo traz para o metal. Não possui aquela coisa toda sombria do gothic metal, nem aquele peso exagerado e vocais urrados do metal extremo e nem mesmo aquele clima carregado do doom metal. Mas é também um pouco de cada um deles. E é por isso, de uma vez por todas, que o estilo é algo em constante mudança e transformação.
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