Sunday, November 28, 2010

Discografia: Sigur Rós

Sigur Rós: A Rosa Da Vitória


O ano de 1994 pode ser considerado um dos anos mais importante para a música islândesa (ainda que não tão famosa). O pequeno e gélido país, com população de apenas 300 mil habitantes, revelou ao mundo uma das bandas mais inovadoras da história. Nascia assim, o Sigur Rós, composto por Jónsi Birgisson, Georg Hólm e Ágúst Ævar Gunnarsson.Com uma música calma, tranquila e mágica, o grupo lançou o álbum Von, em 1999, que fez grande sucesso na Islândia. Logo depois o álbum foi remixado por vários DJ's, o que resultou no álbum Von Brigði. Após o primeiro trabalho, o Sigur Rós ganhou mais um integrante: Kjartan Sveinsson assumiu os teclados e contribuiu ainda mais para a música hipnotizante da banda.

Já em 1999, o grupo lança o apaixonante e famoso álbum Ágætis Byrjun, que fez com que o Sigur Rós alcançasse fama internacional. A música Sven-G-Englar fez parte da trilha sonora do filme Vanilla Sky, o que contribui mais ainda para o sucesso da banda.

Em 2002 é lançado talvez o disco mais misterioso do grupo. Primeiro porque todas as músicas não tinham nomes (Untitled #1, Untitled #2 etc.). E o segundo foi porque o encarte do álbum, vinha em branco, para que todos que ouvissem o disco, escrevessem o que havia acabado de sentir com o som do Sigur Rós. E o último e principal motivo, era o fato que o disco também não tinha um nome "normal". Composto por dois parênteses (isso mesmo, o álbum se chamava "( )"), ganhou outros nomes entre os fãs como "O Álbum sem nome". Logo depois, em seu site, a banda deu nome a todas as músicas.

No ano de 2005, o Sigur Rós lançou o seu quinto álbum, chamado Takk. O disco conseguiu o 16º lugar na lista de discos mais vendidos no Reino Unido, e o 27º nos Estados Unidos.

Já em 2008, a banda lança o álbum Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust (que na minha opinião é um baita álbum, afinal, conheci a banda por ele).

Bom, todos nós fizemos um esforço gigantesco para trazer todos os trabalhos do Sigur Ros. Corremos atrás de tudo para que vocês pudessem ter acesso a maioria dos álbuns, EP's Singles e álbuns ao vivo. Claro que ainda vamos ficar devendo alguns trabalhos, pois a lista é imensa. Mas mesmo assim, ainda conseguimos quase 923 MB pra vocês. Enjoy!!!

Álbuns:

Von (1997)

1. Sigur Rós
2. Dögun
3. Hún jörð...
4. Leit að lífi
5. Myrkur
6. 18 sekúndur fyrir sólarupprás
7. Hafssól
8. Veröld ný óg óð
9. Von
10. Mistur
11. Syndir Guðs
12. Rukrym





Von brigði (Remixes) (1999)


1. Syndir Guðs (Recycled by Biogen)
2. Syndir Guðs (Recycled by Múm)
3. Leit að lífi (Recycled by Plasmic)
4. Myrkur (Recycled by llo)
5. Myrkur (Recycled by Dirty-Bix)
6. 18 sekúndur fyrir sólarupprás (Recycled by Curver)
7. Hún jörð... (Recycled By Hassbræður)
8. Leit að lífi (Recycled by Thor)
9. Von (Recycled by Gus Gus)
10. Leit að lífi² (Recycled by Sigur Rós)



Ágætis Byrjun (1999)


1. Intro
2. Svenfn-g-englar
3. Starálfur
4. Flugufrelsarinn
5. Ný batterí
6. Hjartað hamast
7. Viðrar vel til loftárása
8. Olsen Olsen
9. Ágætis byrjun
10. Avalon





( ) (2002)

1. Untitled #1
2. Untitled #2
3. Untitled #3
4. Untitled #4
5. Untitled #5
6. Untitled #6
7. Untitled #7
8. Untitled #8





Takk (2005)

1. Takk...
2. Glósóli
3. Hoppípolla
4. Með blóðnasir
5. Sé lest
6. Sæglópur
7. Mílanó
8. Gong
9. Andvari
10. Svo hljótt
11. Heysátan



Með suð í eyrum við spilum endalaust (2008)

1. Gobbledigook
2. Inní mér syngur vitleysingur
3. Góðan daginn
4. Við spilum endalaust
5. Festival
6. Með suð í eyrum
7. Ára bátur
8. Illgresi
9. Fljótavík
10. Straumnes
11. All alright
12. Heima




EP's/Singles

Rimur EP (2001)

1. Kem ég enn af köldum heiðum
2. Til ei lætur tíðin mér
3. Fjöll í austri fagurblá
4. Slær á hafið himinblæ
5. Hugann seiða svalli frá
6. Lækurinn




Ba Ba Ti Ki Di Do EP (2004)


1. Ba Ba
2. Ti Ki
3. Di Do




Sæglópur EP (2006)


1. Sæglópur
2. Refur
3. Ó friður
4. Kafari
5. Hafsól




Svefn-g-englar Single (1999)


1. Svefn-g-englar
2. Viðrar vel til loftárása
3. Nýja lagið
4. Syndir Guðs




Ný Batterí Single (2001)


1. Rafmagnið búið
2. Ný batterí
3. Bíum bíum bambaló
4. Dánarfregnir og jarðarfarir





Live

Live At Icelandic Opera House (1999)


1. Intro/Von
2. Syndir Guðs
3. Flugufrelsarinn
4. Olsen Olsen
5. Ágætis Byrjun
6. Viðrar vel til loftárása
7. Svefn-g-Englar
8. Ný Batterí
9. Nýja lagið
10. Hafssól






Live At Madison Square Garden (2006)

1. Takk/Glosoli
2. Ný Batteri
3. Sæglópur
4. Gong
5. Andvari
6. Hoppípolla
7. Með Blóðnasir
8. Sé Lest
9. Olsen Olsen
10. Viðrar Vel Til Loftárása
11. Svó Hljótt
12. Heysatan
13. Starálfur

Parte 1


Parte 2


Live At Bonnaroo Festival (2008)



  1. Sé lest
  2. Við spilum endalaust
  3. Hoppípolla
  4. Festival
  5. Dljótavík/Suð í eyrum
  6. Góðan daginn
  7. Olsen olsen
  8. Inní mér syngur vitleysingur
  9. Hafsól
  10. Heysátan
  11. Gobbledigook
  12. All alright

Múm - Ouço mesmo! E daí?


Agora chegou a vez de falarmos da Múm.

Antes de mais nada é preciso dizer que assim como Sigur Rós e Piano Magic, Múm é uma banda sem definição de estilo. A banda é um mix do Post-Rock, Lap-Tronic, Música experimental e “outras cocitas más”, muitos afirmam ser fruto do minimalismo, o que realmente sabemos é que ela é do estilo “Banda nota 10″.

Múm é uma banda oriunda da Islândia formada em 1997 por Gunnar, Örn Tynes, Örvar e as gêmeas Gyða e Kristín. Seu primeiro álbum oficial intitulado de “Yesterday was dramatic, today is OK” foi lançado em 2000. Diante de um som suave, envolvente, de letras emocionantes, todos sabiam que a popularidade seria apenas uma questão de tempo, dito e certo, a cada ano a banda vinha ganhando cada vez mais espaço no cenário musical islandês e mundial. Seu mais famoso álbum (Summer Make Good) chega com letras fantásticas sobre músicas escritas num farol abandonado, os arranjos fascinam, a voz infantil, outrora sutil, agora é onipotente e incômoda (no bom sentido é claro) . Relegaram-se para segundo plano os holofotes a incidir sobre a ginástica electrónica. O palco traz agora mais cordas e sopros. Muito mais ecos. Ruídos de fundo com ênfase de tumulto. Voz angelical por vezes a roçar os primos Sigur Rós (“Abandoned Ship Bells”). E enfim, se também desse lado aguarda a chegada em força do sol quente para recuperar os ânimos, use o disco como companhia, porque isso os Múm sempre souberam mostrar – a inigualável conquista da boa música e das melhores emoções na vida através da partilha e do esforço em conjunto. Mas esse era apenas o começo de uma longa história que viria a solidar a carreira da banda.
De fato existe algo fascinante nas bandas islandesas, já não bastava Sigur Rós, ainda temos o prazer de poder desfrutar das boas músicas da Múm.


O SIGUR RÓS lançou “In a Frozen Sea: A Year With Sigur Rós”, box que reúne 3 discos da carreira em LPs de 12 polegadas.

O box impressiona pela beleza das imagens e pelo acabamento mais que especial. O livro, com fotos de Jeff Anderson, documenta a turnê que a banda fez em 2006 pela Islândia, para divulgar “Takk…”, ótimo álbum do ano anterior. São 32 páginas de imagens espetaculares, que retratam, além da banda em ação, paisagens belíssimas da terra natal da banda – e que vão muito bem com a música deles.

Os álbuns relançados são o aclamado “Ágætis Byrjun” (1999), “( )” (2002) e o supracitado “Takk…”. Os álbuns vêm em 7 LPs, sendo que, no último deles, ainda vem uma faixa praticamente inédita: “Smaskifa”, que só havia saído antes no single de “Vaka” (ou “Untitled #1″), faixa de abertura de “( )”.

Saiba onde encontrar o box e veja todos os detalhes no link abaixo.


Chega de lero-lero e vamos aos downs.

mum yesterday


2000 - Yesterday was dramatic – Today is OK!
1 – I’m 9 today
2 – Smell memory
3 – There is a number of small things
4 – Random summer
5 – Asleep on a train
6 – Awake on a train
7 – The Ballad of the broken birdie records
8 – The Ballad of the broken string
9 – Sunday night just keeps on rolling
10 – Slow bicycle

MediaFire

Rapidshare



please - mum


2001 - Please Smile My Noise Bleed


1 On the old mountain radio
2 Please sing my spring reverb
3 Please sing my spring reverb (styromix by styrofoam)
4 Please sing my spring reverb (caetena mix by i.s.a.n.)
5 Flow not so fast old mountain radio
6 Please sing my spring reverb (phonem mix)
7 On the old mountain radio (christian kleine mix)
8 Please sing my spring reverb (amx mix)
9 Please sing my spring reverb (b.fleischmann mix)

Up-File (parte 1)

Up-File (parte2)

Up-File (parte 3)

Up-File (parte 4)

Megaupload

Rapidshare

Pass: www.mediaportal.ru



finally - mum


2002 - Finally we are no one


01 sleep/swim
02 green grass of tunnel
03 we have a map of the piano
04 don’t be afraid, you have just got your eyes closed
05 behind two hills,,,,a swimmingpool
06 k/half noise
07 now there’s that fear again
08 faraway swimmingpool
09 i can’t feel my hand any more, it’s alright, sleep still
10 finally we are no one
11 the land between solar systems

Rapidshare

Megaupload



summer - mum


2004 - Summer make good


1 hú viss – a ship
2 weeping rock, rock
3 nightly cares
4 the ghosts you draw on my back
5 stir
6 sing me out the window
7 the island of children’s chirldren
8 away
9 oh, how the boat drifts
10 small deaths are the saddest
11 will the summer make good for all our sins?
12 abandoned ship bells

Rapidshare


MegaUpload



pell session - mum


2006 - Peel Session


1-Scratched Bicycle Smell Memory
2-Awake on a Train
3-Now There is That Fear Again
4-The Ballad of the Broken String

Rapidshare



mum - gogo

2007 – Go Go Smear The Poison Ivy

01 Blessed Brambles
02 A Little Bit, Sometimes
03 They Made Frogs Smoke ‘Til They Exploded
04 These Eyes Are Berries
05 Moon Pulls
06 Marmalade Fires
07 Rhuubarbidoo
08 Dancing Behind My Eyelids
09 School Song Misfortune
10 I Was Her Horse
11 Guilty Rocks
12 Winter (What We Never Were After All)
Rapidshare


Abaixo segue alguns links de down, neles está contido todo o trabalho do grupo, desde “Yesterday Was Dramatic – Today is Ok (2001)” até “Peel Sessions” (2006).

http://rapidshare.com/files/41864516/Mum.part1.rar
http://rapidshare.com/files/41865505/Mum.part2.rar
http://rapidshare.com/files/41866478/Mum.part3.rar
http://rapidshare.com/files/41869561/Mum.part4.rar
http://rapidshare.com/files/41871138/Mum.part5.rar
http://rapidshare.com/files/41851644/Mum.part6.rar

Wednesday, November 17, 2010

Refletindo sobre a natureza da educação



Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.

Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.

Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.

Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.

Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.

Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.

As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.


Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos

Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.

Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.

A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .

Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.

Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.

Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.

Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.



Sobre o autor:

Bertold Brecht (1898-1956), nascido em Augsburgo. Escritor e dramaturgo alemão, além de grande teórico teatral. Desde menino escrevia poesias de forte conteúdo social. Foi perseguido pelos nazistas pelo seu comunismo militante.

O papel da música na formação de um indivíduo

Em praticamente todas as culturas, a música tem presença relevante numa grande diversidade de contextos, a partir dos quais podemos avaliar seu papel enquanto expressão pessoal, arte, entretenimento, profissão, função ritual, religiosa, ambiente, meio de comunicação ou relaxamento, conexão com outras linguagens como a dança e o cinema, passaporte para “tribos” locais, urbanas, regionais ou nacionais, trampolim para egos ou ascensão social, etc.

No Brasil, a música vem sendo cada vez mais utilizada também como atividade de apoio a inúmeros projetos de formação e inclusão social, contribuindo para a diminuição das desigualdades que tanto nos envergonham.

Mas, apesar do valor que isso representa, não se pode aceitar que esse modo de presença, em que a aprendizagem musical costuma se dar apenas por imitação ou reprodução, seja justificativa para a ausência da música como conhecimento específico no projeto curricular das escolas brasileiras.

A música, quando aprendida e utilizada como linguagem, oferece aos alunos o acesso a uma educação para a vida que inclui o desenvolvimento da sensibilidade a partir da aquisição de um vasto vocabulário de efeitos de sentido associados a configurações musicais detalhadas e precisas, num processo de construção de conhecimento que integra os dois recursos que o homem dispõe para isso: pensamento e sentimento. Música como linguagem não é algo apenas para quem busca formação profissional, não depende de talento ou dom e está ao alcance de todos.

De fato, quando assumida como linguagem que incorpora os fundamentos que a tornam arte, a música nos permite integrar competências lingüísticas, corporais, espaciais, de raciocínio lógico, percepção de si próprio e percepção do outro, além das musicais. Nenhuma outra disciplina do currículo da escola brasileira oferece tal possibilidade de integração entre conhecimentos – algo vital para a formação de indivíduos capazes de perceber mais profundamente o mundo em que vivem e de usar com sensibilidade e sabedoria os conhecimentos adquiridos ao longo de toda a sua formação.

Para tanto, o ensino da música precisa incluir como conteúdos os processos de composição, interpretação, improvisação, apreciação e reflexão sobre música, sempre com ênfase na percepção que integra compreensão e impressão.

é necessário também ensinar o aluno a superar todos os rótulos que hoje compartimentam a música em nichos de consumo e ajuda-lo a construir conhecimento a partir das relações entre idiomas musicais. A oposição entre música erudita e música popular, que no passado já foi a grande questão da educação musical, há muito deixou de fazer sentido. Aliás, Koellreutter já dizia: “Não existe música erudita; o que existe é músico erudito” (que deve fazer com a sua erudição a música que bem entender). Hoje, o grande desafio da educação musical nesse mundo de “clics”, duplos clics, sites de busca, hipertextos, multicanais e outros meios de acesso simultâneo a uma imensa quantidade de informação, é fazer com que o aluno aprenda a valorizar o conhecimento que ele pode construir não simplesmente a partir das informações, mas das relações que puder estabelecer entre elas.

A inclusão da música na educação brasileira exigirá vontade política, planejamento e ação do governo e de toda a sociedade; e precisará considerar as leis e parâmetros educacionais publicados na última década.

Conforme diagrama apresentado na videoconferência dos GTs de Formação Musical, realizada no primeiro semestre de 2005, propomos o investimento em um amplo Programa Nacional de Educação Musical, prevendo:

A criação de um projeto nacional de ensino médio profissionalizante de música referenciado na música como linguagem;

A criação de um grande número de outros projetos locais, regionais e nacionais, referenciados nesse projeto principal;

Será muito? Em uma pesquisa realizada em 2005, os brasileiros elegeram a música

Saturday, October 2, 2010

Haggard: A música de concerto ao encontro do metal

Haggard é um grupo musical alemão de metal sinfônico fundado em 1991. O grupo combina música erudita e música moderna com doom e death metal.



Haggard foi fundado em 1991 e originalmente tocava death metal. Eles mudaram seu estilo musical depois de sua primeira fita demo, Introduction em 1992, tornando-se uma banda com melodias sinfônicas e instrumentos clássicos, contudo, com temas folclóricos. O álbum And Thou Shalt Trust... the Seer marcou sua estréia em 1997. Após seu segundo álbum Awaking the Centuries (a vida do profeta Nostradamus), eles fizeram turnê pelo México duas vezes. Em 2004, eles lançaram seu terceiro álbum Eppur Si Muove que é sobre a vida do estudioso italiano, Galileo Galilei, sentenciado a prisão domiciliar por heresia pela Igreja Católica por apoiar a afirmação de Copernicus de que a Terra girava em torno do sol.

Pouco antes do álbum Awaking The Centuries ser lançado, o grupo tinha seu maior número de músicos, com 21 integrantes. Todas suas canções são escritas pelo vocalista e guitarrista Asis Nasseri.

O quarto álbum, Tales of Ithiria, foi lançado em 2008 e é baseado numa estória de fantasía.

Discografia:

Demos
  • Introduction (1992)
  • Progressive(1994) Baixar
  • Once... Upon A December's Dawn (1995)

Studio albums

Ao vivo

DVDs e vídeos

  • In A Pale Moon's Shadow) (1998)
  • Awaking the Gods: Live In Mexico (DVD/VHS) (2001)
Atuais membros:


  • Asis Nasseri – vocal e guitarra (1991-present)
  • Susanne Ehlers – soprano
  • Veronika Kramheller – soprano
  • Manuela Kraller - soprano
  • Fiffi Fuhrmann – tenor e baixo
  • Giacomo Astorri - baixo
  • Jonathan Whynot - guitarra
  • Michael Stapf - violino
  • Ivica Kramheller – contrabaixo
  • Andreas Fuchs – trompa francesa, flauta, percussão e bateria
  • Linda Antonetti - flauta e oboé
  • Steffi Hertz – viola
  • Johannes Schleiermacher – violoncelo
  • Patrizia Krug - violoncelo
  • Claudio Quarta – guitarra
  • Hans Wolf – piano e teclado
  • Ingrid Nietzer - piano e teclado
  • Luz Marsen – bateria e percussão (1991-presente)
  • Michael Schumm - percussão sinfônica

Review: Tristania - Rubicon

Somente uma palavra: diferente. Se é possível classificar este disco de qualquer coisa, antes de mais nada, diferente. Ainda sim inovador (dentro do que é possível para a banda) e com uma nova sonoridade.
Para quem espera algo próximo dos anteriores, é frustrante. Saem as orquestrações e os vocais sopranos para entrar a voz mais “comum” da Mary e um som que vai agradar em cheio quem gosta de bandas como Paradise Lost. Porque parece que certamente irão apostar neste ramo para a banda.
Tudo isto é, sem dúvidas, fruto das mudanças que a banda sofreu (e não somente com a saída da vocalista Vibeke Steine). Este fato já tornaria previsível (e por que não, necessária) uma alteração dentro da música do grupo. Alteração esta, inclusive, muito bem vinda.
O que mudou, de fato? Como mencionado, não temos mais um lado “symphonic” e sim algo mais conciso, sem exageros. É possível perceber um amadurecimento muito grande do Tristania aqui, uma banda mais coesa e mais harmônica, mesmo com as trocas de integrantes. A segunda mudança nítida é a falta dos vocais guturais. No lugar temos um masculino limpo, seguindo mais ou menos a mesma linha do Nick Holmes. A voz feminina tem um destaque muito grande, sem precisar daquela grandiloquência exagerada da Vibeke, o que mostra uma aposta muito maior dos demais integrantes. O resto da parte instrumental perdeu aquele lado death metal de antes, que já vinha acontecendo desde o Illumination. É talvez uma outra mudança bem vinda, uma vez que saturou ouvir grupos antigos da leva do Tristania que ainda se preocupam em repetir os mesmos elementos.
É uma tentativa ousada mudar assim a sonoridade. Só que isto também mostra que Rubicon é um disco maravilhoso e que merece ser ouvido diversas vezes.

Faça o download do álbum clicando aqui.
Tamanho: 70Mb


Novo Clipe do Spiritual Front

Acompanhando o lançamento de seu novo disco Rotten Roma Casino, os italianos lançaram o clipe da música "Darkroom Friendship".
Neste vídeo podemos conferir uma sonoridade bem interessante do grupo e cenas de insinuação de uma orgia.




A Falência da Indústria Cultural


Nos últimos anos temos presenciado uma derrocada da indústria da cultura como
conhecemos. Uma vez que nada se cria nem se transforma e muito menos se recicla, fica difícil de imaginar um futuro onde a ordem da vez é repetir o passado com a ideia primordial de dizer que se faz uma “releitura”.
Uma vez, ao ver o motivo do diretor do programa “Prêmio Multishow” ter se demitido me fez pensar no quanto precisamos ser mais críticos e menos manipulativos. A razão de bandas como Cine, Restart e outras fazerem sucesso é um somente: fórmula pronta.
Como resultado, temos sempre as mesmas coisas e as premiações, que deveriam se focar em músicos realmente talentosos e inovadores, acabam servindo como reforço para as pessoas engolirem sempre as mesmas porcarias aditivadas que todas as gravadoras empurram a você e a todos nós.
Ver um prêmio da MTV onde a Lady Gaga, que chama mais atenção pelas excentricidades do que pela qualidade de suas obras, ganha é de embrulhar o estômago e dar ulcerações fortíssimas no cérebro. Não que Lady Gaga seja uma má artista, mas é intrigante o fato de que num Music Awards a imagem sobresaia-se à música. É a corroboração de que não ter o que dizer e causar polêmica apenas por um sensacionalismo midiático é querer ser enganado e ficar feliz com isto. É querer dar um significado e uma dialética àquilo que não tem e querer um valor numa coisa cujo propósito é vender uma imagem.
Placebo cultural é o que vendem a todos nós. Só que ele não cura, de forma alguma, nosso vazio.

Review: The Birthday Massacre - Pins and Needles


Sem dúvida "Pins And Needles" é o fim do caminho que o The Birthday Massacre trilhou nos últimos trabalhos.
O novo cd da banda canadense traz uma síntese de tudo que deu certo para eles nos últimos tempos. As costumeiras passagens recheadas de sintetizadores e de uma atmosfera própria de “sonhos fofos e macabros” vêem acompanhadas de linhas de guitarra e bateria puxadas para o metal, junção de sucesso que a banda já mostrou no trabalho anterior e neste usa em maior escala.
Outra característica familiar do TBM que está muito presente no novo cd são os refrões grudentos que ficam na cabeça e fazem você ouvir a música inúmeras vezes seguidas, mas isso não é necessariamente ruim. Chibi parece que finalmente encontrou o lugar da sua voz em um equilíbrio entre agressividade e leveza.
"Pins And Needles" também é o nome de uma das faixas do disco que, não por acaso, é o ápice da combinação dos elementos citados e nos faz pensar que não há mais como a banda avançar ser fazer uma mudança drástica no próximo trabalho. Será isso ou uma infinita repetição do que já fez.
Mesmo sendo um trabalho que não inova muito e claramente é um aglomerado de experiências bem sucedidas, "Pins And Needles" é um álbum maduro, bem feito e mostra a evolução da banda. Há um equilíbrio bem pensado entre ‘peso metal’ e ‘leveza sintetizada’ que faz o álbum ser um daqueles que, principalmente se você já for fã, não vai te deixar cansado tão cedo.

Baixe o álbum clicando aqui.

Amorphis: Iniciando A Gravação De Novo Álbum

A banda finlandesa Amorphis entrou no Sonic Pump Studios em Helsinki (Finlândia) para iniciar a gravação do seu décimo álbum de estúdio, o qual tem previsão de lançamento para o início de 2011 pela Nuclear Blast Records.

Um pequeno vídeoclipe de algumas seções iniciais em estúdio, pode ser visto AQUI (arquivo MP4).

Imagem

Gothic Rock

Vira e mexe temos pessoas que procuram saber o que faz e o que é a música gótica. Querem entender da subcultura e entender como os góticos se tornaram góticos e de onde surgiu tudo isso.

Até então nunca houve uma ênfase muito grande, dentre os textos aqui publicados, para uma das coisas mais importantes do meio: o som. Nenhum dos artigos visou explicar o que é o que dentro da subcultura em termos de sonoridade, de bandas, de elementos que ajudaram a definir a mesma. Então, caros leitores, vamos embarcar num pequeno resumo sobre o que é, de fato, o estilo que originou tudo isso, que fez com que os góticos tomassem vida (ou se levantassem de seus caixões): o gothic rock ou rock gótico.

Origens

E por onde tudo começou? Em muitos locais a informação corrente é que tudo começou com o post-punk, entre 1979 e 1983. De fato, grupos como o Joy Division ajudaram a começar tudo isso, mas vamos traçar aqui um linha musical para que você, caro leitor, possa se situar.

No princípio era o punk, com seus ideais de revolta, de protesto e de rebeldia contra todo o sistema, mesmo sem saberem, ao certo, que sistema era esse. Suas roupas rasgadas, seus cabelos e visuais que remetiam a algo mais violento.

Só que o cenário mundial pendia para outros rumos. Guerra fria, crises econômicas etc. abalaram aqueles ideais de revolta. A postura começava a mudar para a passividade do ser perante o mundo cada vez mais decadente. Em termos sonoros o punk, outrora rebelde e cheio de energia, flertaria com os novos movimentos musicais que surgiam no período. Suas letras se intelectualizariam e perderiam o ideal de revolta para ganharem idéias de tristeza, de melancolia e de morbidez perante o mundo. O visual passaria a ficar um pouco mais sóbrio que o punk, mais retrô (para a época, evidentemente). Assim nascia o post-punk. Mantendo a simplicidade do som, mas mudando radicalmente seu direcionamento.

Agora vamos dar uma pausa no post-punk. Sabendo que uma parte do estereótipo começou por aí, vamos ao grupo inglês Bauhaus, em setembro de 1979. Sonoramente falando valia-se de um post-punk com temas mais introspectivos e climas mais sombrios. Visualmente se pautavam no glam do David Bowie. Suas letras passaram a ter temas mais sombrios e humorísticos, ligados ao cinema e a movimentos de vanguarda (não que fossem os temas principais, apenas os mais visíveis). Joy Division chamado de post-punk, Siouxsie and the Banshees ainda dentro do punk-rock e o The Cure podendo ser considerado New Wave na época. Todas essas bandas tinham alguma marca do que seria chamado mais tarde de gótico. Só que o Bauhaus não entrava em nenhuma delas. Tinha influência de tudo isso e soava ainda como post-punk, mas seu estereótipo era gótico, suas temáticas seriam chamadas de góticas e, por esse motivo, é considerada a primeira banda gótica.

Agora, tirando esse estereótipo, quem de fato deu uma cara ao estilo foi o The Sisters of Mercy, que surgiu em 1980. Mais ainda que o Bauhaus, o grupo de Andrew Eldritch definiu as bases do rock gótico. Vocais grossos, instrumental carregado na melancolia, letras extremamente sombrias, visual mais “dark” entre outras coisas. Isso aconteceu no começo da década de 80. A banda, antes de lançar seu primeiro cd, The First The Last and The Always, era presa fortemente no post-punk. Mas nesse período já flertavam com a new wave e buscavam um som mais próximo do que podemos chamar de “gótico”.

Claro que um Sisters só não faz um gótico... outras bandas do mesmo período, como Danse Society e o Play Dead também começaram a fazer história. Além disso, o UK Decay sairia do post-punk e entraria com sua própria sonoridade “gótica” no cenário. Houve também a mudança sonora do Siouxsie and the Banshees, além de visual. A banda se tornaria um ícone do gothic rock com vocal feminino e serviria de base para bandas mais para frente nos anos 90.

Outra banda que também ajudou demais dentro da cena foi, sem dúvidas, o Christian Death. Tocavam um gothic rock puxado demais para o punk rock, com melodias mais agitadas que a do Sisters e cia. Suas marcas dentro da cena ajudaram a voltar para aquele lado punk que deu origem ao estilo e ainda ajudou, na década de 90, a criar outro estilo musical denominado deathrock, que flerta com o horror punk, o punk rock e o psychobilly, seja visualmente, seja sonoramente ou ambos, como se percebe nas bandas Cinema Strange e Tragic Black, apenas para citar os exemplos mais célebres.




Influências e sonoridade

Até aqui temos o começo, o que de fato fez o gothic rock surgir musicalmente falando. Mas e a sua sonoridade? O que a fez chegar onde está? O que a influenciou? O que a influencia até hoje?

Primeiro, vamos falar da base. O post-punk é a base que alicerça a sonoridade do gothic rock nos seus primórdios. Bandas como Joy Division ajudaram a dar a cara, mas o que muitos ignoram nesse ponto é o Killing Joke. Aqui cabe uma opinião pessoal e que muitos certamente não irão concordar.

O Killing é mais influente sonoramente que o Joy. Todo o flerte com a música eletrônica, a atmosfera de nostalgia, as letras tristes e voltadas para temas cada vez mais sombrios e decadentes, o visual, enfim, tudo deles influíram muito mais que o próprio Bauhaus. O banda foi apenas o alicerçamento de tudo isso e nada mais.

Teve também a influencia da new wave. O The Cure (que passaria para o gótico depois e sairia do mesmo), o New Order e outros grupos que começaram uma nova onda musical que procurava algo que se opusesse a velha onda, que estava gasta e batida. Isso trouxe os elementos eletrônicos para o gothic rock, junto com a crescente onda da música eletrônica que surgia na Europa no final da década de 70.

Não se pode ignorar também o Adam and the Ants. A carreira dele foi fortemente calcada no pop, mas por um curto período de tempo teve uma sonoridade voltada para o punk e um visual que era inspirado no fetichismo. Sua guitarra mais “distante” era somada a uma bateria tribal, coisas que marcam o som de grupos como o Sex Gang Children e o Southern Death Cult.

Claro que não se pode esquecer da influência maior em termos de visual e de sonoridade que foi o David Bowie. Inspirou o Bauhaus e boa parte da sonoridade e identidade visual de outras bandas, trazendo com ele o glam rock. Boa parte de suas letras mais voltadas para uma intelectualizada, seu visual andrógino e tudo o mais trouxe ao gótico aquilo que lhe serviria de base e o desvincularia do punk. Outros grupos, como o The Doors, T-Rex e The New York Dolls foram tão importantes quanto Bowie nesse ponto. Com o tempo, o rock gótico pegaria também sonoridades em outros locais, sobretudo na música eletrônica. Isso fica mais evidente em bandas a partir da década de 90, como o Ikon.

E com tudo isso, como podemos definir a sonoridade desse estilo, afinal de contas?

Uma coisa a ser pensada é que o som tende a ser mais atmosférico e mais “sombrio” que o rock tradicional. Sem o peso do metal, com a estética sonora ainda agarrada a alguma coisa punk. Vocais simples, em geral graves (quando masculinos) ou levemente agudos, dando uma impressão meio “desleixada” e sem a sofisticação dos vocais dentro do hardrock e do metal. Uma marcação mais forte no baixo, coisa incomum em outros gêneros de rock, onde quem manda é a guitarra. Esta vira coadjuvante, servindo apenas para dar andamento ao som. Bateria simples, quando não programada e até, em alguns casos, o uso do teclado.

Confusão com o gothic metal

Existe um grande problema, advindo do final da década de noventa com a tentativa do “revival” do gothic rock. Muitas bandas de metal sendo mostradas a um público leigo como pertencentes ao meio gótico e não passando, muitas vezes, de bandas de metal. Como isso aconteceu? Qual a razão de as pessoas confundirem duas coisas que estão distantes, extremamente distantes?

Vamos voltar um pouco ao gothic metal. O estilo, nascido do doom, começava, a partir de 1996, a pegar elementos da música gótica, sobretudo o rock gótico. Paradise Lost, Moonspell, Entwine, Type O Negative e outras tentaram colocar essa sonoridade gótica e passaram, de fato, a soarem mais góticas do que metal, embora conservassem o peso. Nesse mesmo rolo começaram a aparecer bandas de gothic rock com fortes traços de metal, como Dreadful Shadows, Seraphim Shock, Love Like Blood, que eram mais pesadas que as bandas mais convencionais e começaram a ser aceitas entre os headbangers. Isso fez indiretamente alguns pensarem que o gothic metal fosse uma “evolução” do gothic rock e que ambos eram a mesma coisa.

A segunda confusão se dá pela primeira. Em países com pouca tradição com a música gótica (sobretudo Finlândia) o nome “gothic rock” ganha muita força. Aliado ao sucesso do grupo The 69 Eyes e pela fama no meio gótico do grupo Two Witches, muitas bandas e gravadoras querem ganhar algo com esse estilo, que passou a virar uma espécie de “marca”. Partindo desse ponto, qualquer banda de metal que fizesse um som menos pesado e com algum elemento estilo Paradise Lost passaria a ser chamada de gothic rock. Esses grupos não possuem nenhum traço sonoro e visual que remetesse ao estilo citado, não caindo no gosto dos góticos. Viraram produtos para headbangers que quisessem ouvir alguma coisa nessa linha e, contudo, não quisesse fugir muito ao heavy metal. Isso fez com que as pessoas imaginassem o gothic rock como algo “sombrio” e “triste”, coisa que não corresponde à realidade.

O terceiro motivo é calcado numa outra banda, o Theatre of Tragedy. O grupo sempre teve elementos de gothic rock/darkwave em seu som, misturados inicialmente com música barroca e depois tirando esses traços, gradativamente. O vocal soprano de Liv Kristine e a proposta da banda serviram para que algumas pessoas, anos mais tarde, começassem a associar qualquer banda com vocal feminino de gótica. Desse modo temos coisas como Within Temptation e Evanescence sendo chamadas por algumas pessoas de “roque gótico”.

O último motivo se dá por duas bandas em especial. A primeira é o Lacrimosa. O projeto, inicialmente tocado por Tilo Wolff, era calcado numa proposta gothic rock mesclada com a música erudita. Essa sonoridade neoclássica caiu no gosto dos fãs de metal e agradava também os góticos. Com o tempo o projeto foi assimilando as mudanças da cena européia e o crescimento do darkwave. Com a entrada de Anne Nurmi do Two Witches e a incorporação de alguns elementos do heavy metal, o projeto passou, nesse ponto, a se focar nos headbangers. Com isso, de forma indireta, a sonoridade gótica entrou, por conta de uma mídia desinformada, no meio desse grupo, sobretudo no Brasil.

A segunda banda é o H.I.M. Tocando um pop rock bem dançante e com fortes tendências glam (sim amiguinhos, nada de love metal aqui), aliado ao fato de terem caído no gosto dos góticos, fez com que alguns achassem que era também uma banda gótica. Como eles flertam muito com o metal, foi um pulo para que bandas com sonoridade similar fossem colocadas no meio, como se fossem gothic rock. É claro que temos bandas dentro da cena gótica influenciadas pelos finlandeses, mas são poucos grupos que realmente podem ser chamados de “góticos”.

Legado e novas tendências

O gothic rock deixou um legado enorme dentro e fora da cena gótica. Vamos ver alguns pontos bem interessantes que merecem uma reflexão.

Dentro da cena vários estilos nasceram e tiveram como base o rock gótico. Deathrock, ethereal e darkwave começaram com base nesse estilo e hoje se distanciaram a ponto de criarem uma cena própria. O dito “electrogoth” pega gêneros como EBM, Synthpop, Industrial e outros e mesclam com algumas características do goth rock, em especial o vocal. Isso acontece de forma mais indireta, por conta do darkwave.

Hoje não se trabalha, dentro da cena, exatamente com uma tendência forte. O que acontece são pequenas tendências que se somam e tornam o estilo uma mistura ainda maior. Existe um certo direcionamento ao eletrônico, como tem acontecido com o Ikon e o London After Midnight. Algumas bandas tem adicionado metal ao seu som sem deixar de ser gótico, como acontece com o Dryland, Star Industry, The Awakening, Love Like Blood etc. Isso quer dizer que o metal faz parte da cena? De forma alguma, existem apenas algumas bandas que resolveram entrar nesse meio. Existe também uma série de “tributos saudosistas”, onde temos bandas, como o The Wake fazendo um som na linha do Sisters of Mercy, mas mantendo ainda um toque de modernidade.

Fora do meio temos bandas de metal se influenciado, seja sonoramente, como o Paradise Lost e o Lacrimas Profundere, seja visualmente, como no caso do Entwine ou ambos. O gothic metal, embora não necessite do gothic rock, deve muito do seu estilo ao mesmo.

Temos ainda as novas bandas, que têm buscado sua identidade sonora em outros estilos, como acontece com o Plastique Noir. Muitas bandas hoje não querem mais estar presas ao padrão Sisters of Mercy ou ficar somente nos anos oitenta. A cena vive uma renovação constante e, com o tempo, vem incorporando novas sonoridades e novos avanços na cena musical. Mas nunca irá morrer e sempre vai inovar, de uma forma ou de outra.

Para finalizar esse artigo, coloco para vocês dois cds onde eu reuni bandas acerca do estilo. No primeiro cd eu coloquei bandas da década de oitenta que ajudaram a alicerçar o gothic rock e toda a subcultura. No segundo são bandas pós-anos oitenta, para mostrar que o estilo não morreu e que continua vivo e se renovando sempre. Ou seja, sem desculpas para não saberem sobre o que é rock gótico.